Os grandes veículos de comunicação no Brasil e na América Latina apóiam todo e qualquer movimento ou tentativa de golpe contra governos eleitos de esquerda ou que, de algum modo, se esforcem em reduzir as diferenças sociais e exercer algum controle sobre as instituições absolutas do capitalismo. Redistribuir renda e oportunidades, aumentar acesso aos bens sociais, reduzir os monopólios e oligopólios, incluside de meios de comunicação, tudo isso é visto com enorme desconfiança e até mesmo com rancor e aversão explícita por parte dos que se habituaram a gozar de liberdades absolutas, em sociedades onde todos os demais poderes e cidadãos estão sujeitos a controles diversos.
Apoiaram explicitamente todos os golpes de direita no continente nas décadas de 60, 70 e 80, e agora, no novo ciclo de golpes e tentativas (contra Chávez em 2002 na Venezuela, contra Evo Morález em 2004 na Bolívia, contra Correa em 2010 no Equador, contra Zelaya em 2009 em Honduras, contra Lugo em 2012 no Paraguai ...), batem palmas fervorosamente, tentando mostrar sempre que se trata de ações apartidárias e que é a população quem pede a saída dos dirigentes eleitos. Também causa espanto a velocidade com que passam a emprestar legitimidade aos governos de fato, no caso de sucesso dos golpes, apressando-se em ouvi-los e reconhecê-los como novos líderes representativos.
Agora, nesse momento, em uma Argentina convulsionada por confrontos de forças do presente com as do passado autoritário no qual os meios de comunicação atuais engordaram e cresceram, as mídias hegemônicas no Brasil tratam de legitimar a oposição a Cristina Kirchner, magnificando todo e qualquer protesto contra ela, mas escondendo que esses protestos têm a mão de partidos conservadores de oposição e meios de comunicação que não querem abrir mão de seus privilégios consolidados durante os anos de chumbo. A simples visão das multidões que acorrem aos protestos nos mostram que se trata, na esmagadora maioria, das parcelas da classe média que se colocam contra a redistribuição de renda promovida por aquele governo e culpam a presidenta por eventuais greves de funcionários e 'lockouts' com vistas a desestabilizar o regime.
Que poder é esse que promove e aplaude golpes, para depois fazer séries de tv do tipo 'Anos Rebeldes' - como se tivessem ficado do outro lado, ou neutros? Que poder hipócrita é esse que dança sempre de acordo com a música, fingindo não ter lado, mas na hora 'H' fica do lado do opressor, do golpista, do poder armado e do capital?
Flávio Prieto
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