O QUE É O MERCADO?
É comum, quando alguém precisa de um bem
ou serviço e o encontra a preço relativamente caro, dizerem que estão apenas
cobrando o ‘preço de mercado’ – mas o que é mesmo o tal do mercado e como se
formam realmente os preços? A conclusão a que se chega logo é que, embora se
possa falar em mercado sujeito a determinadas leis, não existe um organismo
autônomo e dotado de vida e vontade próprias que atenda por esse nome.
O que se costuma chamar de
‘mercado’, por alusão ao local físico onde se compram e vendem ou trocam
produtos, é o conjunto da economia em relação a um determinado setor, ou sua
totalidade. Quando se diz, então, que o ‘mercado’ vende determinada mercadoria ou
serviço ao preço “X”, o que se quer dizer é que esse é o preço praticado por
João, Pedro, Maria ... ou seja, pela maioria dos fornecedores daquele bem. Mas
quem são João, Pedro e Maria? São pessoas e empresas formadas por pessoas – e é em
última análise de escolhas individuais e pessoais, sob determinadas condições,
que se forma o ‘preço médio’ ou ‘preço de mercado’.
Quem
cursa uma faculdade de Economia lá estuda uma disciplina chamada
‘Microeconomia’, que trata justamente do estudo das relações entre fornecedores
e consumidores atuando em mercados onde vigoram o monopólio, oligopólio ou
livre concorrência, e as respectivas regras de formação de preço. Regras
econômicas não são regras éticas ou morais, são apenas as normas gerais que, acredita-se,
regem mercados. Baseiam-se, em geral, na famosa lei da oferta e da procura, fundada
na maior ou menor escassez e necessidade de um bem e na maior ou menor
concentração de fornecedores e consumidores.
Quanto mais abundante e mais pulverizada a
oferta, em termos de fornecedores, menor será o preço. O inverso também é
verdadeiro: quanto menor e menos pulverizada a oferta, maior a possibilidade de
preços altos. E quanto maior a procura, maior o preço, e vice-versa. No
monopólio, o monopolista manda. No oligopólio, um grupo de oligopolistas manda.
Na livre concorrência, a variação do preço seria proporcional apenas ao
equilíbrio entre quantidade ofertada e procurada e seu valor, no limite, aos
custos envolvidos na produção e distribuição ... mas será que existe de fato
livre concorrência? Essa questão é relevante porque além dos cartéis de
produtores temos os de distribuidores que, ao invés de competirem entre si,
como propugnam os defensores do liberalismo, muitas vezes combinam divisões do
mercado e preços, os quais também podem ser fixados em determinados patamares
por acordos tácitos, estabelecendo faixas de lucratividade irreais e que nada
têm a ver com regras econômicas gerais.
Além da questão da maior ou menor escassez e
da concentração do mercado, há também a questão da essencialidade. Um bem ou
serviço pode ser essencial ou supérfluo. Quanto mais supérfluo, mais o preço
pode variar de acordo com fatores ocasionais como promoções, propaganda e moda.
Inversamente, quanto mais essencial, mais estável deverá ser o preço, afetável
apenas por aumento da escassez ou surtos de procura.
Mesmo nas economias
planificadas existe mercado? Sim. Além das mercadorias e serviços terem um
preço ou valor de troca, existe também o mercado externo no qual esses países são
obrigados a interagir, já que nenhum país do mundo é totalmente autossuficiente
ou autógeno. No mercado se trocam bens, serviços e força de trabalho.
Dependendo da necessidade real ou imaginária de um bem, serviço ou tipo de mão
de obra, seu valor variará e seu custo ou retribuição serão diferenciados. A
moeda é, em ambos os sistemas, um modo de se calcular o valor desses bens
econômicos e, na maioria dos casos, a forma principal de estabelecer liquidez e
trocas. Além disso, existem o mercado formal e o informal.
O que se pode fixar e concluir disso tudo? Em
linhas gerais, que o que se chama de ‘mercado’ é um conjunto não homogêneo de
pessoas, bens e relações de troca e de trabalho, que são regidas tanto por
normas objetivas quanto subjetivas. Leis trabalhistas são leis objetivas, seu
cumprimento, no entanto, é subjetivo. Oferta, procura e preço de equilíbrio são
formulações teóricas para tentar explicar o comportamento do mercado, mas
muitas vezes falham em explicar o sobrepreço e a exploração humana, os quais
não se justificam nem por critérios matemáticos e, muito menos, sociais. É importante também salientar que mercado
somos todos nós, todos atuamos nele em cada uma de nossas escolhas econômicas,
sempre que temos alguma escolha, lógico. E para que não sejamos somente
mercadores, é preciso que tenhamos consciência social.
Flávio B.Prieto
Flávio B.Prieto
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