sábado, 6 de fevereiro de 2016

ZIKA X HISTERIA

ZIKA X HISTERIA
(by Flávio Prieto)

A correlação apontada por estudos atuais entre o vírus da febre zika e a microcefalia é de 0,27/1000. Ou seja: de cada cem mil mulheres, digamos que 10%, ou seja, dez mil, estejam grávidas e que 10% dentre elas, ou seja, mil mulheres grávidas, sejam picadas por mosquitos e desenvolvam infecção pelo vírus da zika. Dessas mil mulheres grávidas ‘com zika’, a probabilidade de que o feto desenvolva microcefalia é de 0,27% (ou seja: cerca da quarta parte de uma unidade). 

Em outras palavras, é uma correlação de cerca de uma ocorrência de microcefalia para cada quatro mil grávidas que tenham contraído zika, o que já é, como vimos acima, uma coincidência bastante remota. Assim mesmo, essa possível associação entre o vírus da febre zika e a microcefalia ainda pode reduzir-se se levarmos em conta que pode existir coincidência de infecção por zika e outras causas comuns de microcefalia tais como rubéola, varicela, anoxia fetal, toxoplasmose, craniossinostose, herpes, sífilis, citomegalovírus, síndrome de down, exposição a drogas, álcool e outras substâncias tóxicas durante a gravidez e desnutrição severa.

Há atualmente cerca de 20 países onde há transmissão autóctone do vírus, a quase totalidade dos quais situada no hemisfério sul e na região equatorial. Embora o vírus tenha sido estudado pela primeira vez em 1947, na África, a primeira situação epidêmica data do ano de 2007 em uma ilha da Micronésia.

Com relação às grávidas, a recomendação é que tenham cuidado especial nos três primeiros meses da gravidez, período mais crítico para a formação do feto, protegendo-se das picadas do principal vetor, o mosquito aedes aegypti. A transmissão por outros meios também traz preocupação, mas ainda se sabe muito pouco a respeito em termos de evidências realmente científicas.

Outra observação importante é que antes de 2015, em algumas regiões do Brasil, sequer eram feitas medições acuradas do tamanho do crânio dos recém-nascidos, razão pela qual o aumento de notificações de bebês com crânios menores ou ligeiramente menores que a média também pode dever-se a mudanças no critério de exatidão das medições e que muitos dos casos notificados não configurem microcefalia. Portanto, o essencial é tomar os cuidados necessários, mas sem ceder à histeria.

Obs.: Zika é o nome de uma floresta em Uganda onde o vírus foi detectado pela primeira vez em 1947 em um macaco Rhesus.

Fontes:

http://www.independent.co.uk/life-style/health-and-families/health-news/zika-how-virus-spread-around-world-a6839101.html

http://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/microcephaly/basics/causes/con-20034823

http://www.cdc.gov/mmwr/volumes/65/wr/mm6503e2.htm 








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