ZIKA X HISTERIA
(by Flávio Prieto)
A correlação apontada por estudos atuais entre o vírus da
febre zika e a microcefalia é de 0,27/1000. Ou seja: de cada cem mil mulheres,
digamos que 10%, ou seja, dez mil, estejam grávidas e que 10% dentre elas, ou
seja, mil mulheres grávidas, sejam picadas por mosquitos e desenvolvam infecção pelo vírus da zika. Dessas mil mulheres grávidas ‘com zika’, a
probabilidade de que o feto desenvolva microcefalia é de 0,27% (ou seja: cerca
da quarta parte de uma unidade).
Em outras palavras, é uma correlação de cerca de
uma ocorrência de microcefalia para cada quatro mil grávidas que tenham contraído zika, o que já é, como vimos acima, uma coincidência bastante remota. Assim
mesmo, essa possível associação entre o vírus da febre zika e a microcefalia ainda pode reduzir-se
se levarmos em conta que pode existir coincidência de infecção por zika e outras
causas comuns de microcefalia tais como rubéola, varicela, anoxia fetal, toxoplasmose, craniossinostose, herpes,
sífilis, citomegalovírus, síndrome de down,
exposição a drogas, álcool e outras substâncias tóxicas durante a gravidez e
desnutrição severa.
Há atualmente cerca de 20 países onde há transmissão
autóctone do vírus, a quase totalidade dos quais situada no hemisfério sul e
na região equatorial. Embora o vírus tenha sido estudado pela primeira vez em
1947, na África, a primeira situação epidêmica data do ano de 2007 em uma ilha
da Micronésia.
Com relação às grávidas, a recomendação é que tenham cuidado
especial nos três primeiros meses da gravidez, período mais crítico para a
formação do feto, protegendo-se das picadas do principal vetor, o mosquito
aedes aegypti. A transmissão por outros meios também traz preocupação, mas
ainda se sabe muito pouco a respeito em termos de evidências realmente
científicas.
Outra observação importante é que antes de 2015, em algumas
regiões do Brasil, sequer eram feitas medições acuradas do tamanho do crânio dos recém-nascidos,
razão pela qual o aumento de notificações de bebês com crânios menores ou ligeiramente
menores que a média também pode dever-se a mudanças no critério de exatidão
das medições e que muitos dos casos notificados não configurem microcefalia.
Portanto, o essencial é tomar os cuidados necessários, mas sem ceder à
histeria.
Obs.: Zika é o nome de uma floresta em Uganda onde o vírus
foi detectado pela primeira vez em 1947 em um macaco Rhesus.
Fontes:
http://www.independent.co.uk/life-style/health-and-families/health-news/zika-how-virus-spread-around-world-a6839101.html
http://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/microcephaly/basics/causes/con-20034823
http://www.cdc.gov/mmwr/volumes/65/wr/mm6503e2.htm
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