Comparativo de políticas econômicas: Governo FHC x Governos Lula-Dilma
03 de Setembro de
2014
Hélio Mairata (*)
Se estamos próximos a
escolher nossos governantes – Poderes Executivo e Legislativo – para o próximo
quadriênio, é de bom alvitre comparar os desempenhos dos dois últimos governos
de partidos diferentes, o PSDB que mandou no país em 1995-2002 e o PT com os
números de 2003-2013. Todos os dados serão de fontes oficiais, em especial,
IBGE, IPEA. MTE e Banco Central.
O mais conhecido
indicador é o Produto do país, o PIB. No período FHC ele experimentou
crescimento anual à taxa média de 2,29%. Já em 2003-2013 essa taxa anual média
pulou para 3,22%.
Consistentemente, a
taxa de desemprego refletiu esse maior dinamismo na era Lula-Dilma. Enquanto
fechou 2002 (fim do período FHC) com 10,5%, atualmente está na casa os 5%
apenas. Nos seus oito anos FHC criou 5.016.672 postos; nos seus oito, Lula
criou o triplo: 15.384.442. E Dilma, em três anos, quase o mesmo que nos oito do
FHC: 4.880.078.
Mas não foi só a
empregabilidade o que melhorou: os salários também. Com uma deliberada política
de valorização real (ou seja, do poder de compra) do salário mínimo, este
obteve um ganho real (isto é acima do custo de vida) de 72,31% de 2003 a 2014.
No período 1995-2002 houve uma perda real de 6,49%. Enquanto ao final do
mandato FHC (2002) um salário comprava 1,4 cestas básicas (média nacional
apurada pelo DIEESE) em janeiro de 2014 passou a adquirir 2,2 cestas, a maior
relação desde 1979.
Essa melhoria (o salário
mínimo referencia os ganhos mensais de 48,2 milhões de pessoas segundo o
DIEESE) e mais as transferências, em especial o Bolsa-Família, reduziram a
concentração da Renda no país. Há um indicador que mede o grau dessa
concentração chamado Índice de Gini (quanto maior, mais concentrada é a Renda).
Este caiu: em 2002 era 0,588; em 2013: 0,493, comprovando a melhoria da
distribuição da Renda no país.
Paralelamente, a inflação teve reduzida a sua força: enquanto a média anual no período FHC (95/02) foi de 9,09%, nos governos do PT (03/13) caiu para 5,95% na média anual (medida pelo IPCA).
Paralelamente, a inflação teve reduzida a sua força: enquanto a média anual no período FHC (95/02) foi de 9,09%, nos governos do PT (03/13) caiu para 5,95% na média anual (medida pelo IPCA).
FHC deixou o governo
com uma dívida explosiva. Ao final de 2002 a razão Dívida Interna Líquida do
Setor Público / PIB era espantosa: 55,5 com o governo à beira da falência,
ressaltando que quando FHC assumiu essa relação era de apenas 29,2, ou seja,
ele vendeu quase todas as estatais e mesmo assim a Dívida Pública elevou-se.
Atualmente essa razão é de 34,9 apenas.
Por outro lado, no
final de 2002 o país estava à beira da insolvência. Para uma Dívida Externa de
US$ 210,711 bilhões possuíamos reservas de apenas US$ 16,339 bilhões, o que nos
deixava com uma dívida externa líquida de US$ 194,372 bilhões. Atualmente,
enquanto nossa Dívida Externa é de US$ 330,2 bilhões, possuímos no exterior,
aplicadas, reservas de US$ 380,5 bilhões, ou seja, no líquido, somos CREDORES
do resto do mundo na ordem de US$ 50,3 bilhões.
Relativamente a isso,
examinemos outro dado. O Risco-País é um índice que mede o grau de estabilidade
econômica de um país. O Risco-Brasil, portanto, seria uma medida do nível de
risco de nosso país. O indicador mensura o excedente que se paga em relação à
rentabilidade garantida pelos bônus do governo norte-americano. Significa dizer
que a cada 100 pontos expressos pelo risco Brasil, os títulos do país pagam uma
sobretaxa de 1% sobre os papéis dos EUA.
No último ano de FHC
ele registrou seu maior nível em toda a série histórica, alcançando 2.446
pontos em setembro de 2002. O Brasil ostentava um dos quatro maiores riscos
entre todos os países do mundo, superado apenas por Argentina (que acabara de
entrar em default), Nigéria (em guerra civil) e Equador.
A recuperação dos
fundamentos macroeconômicos, trazendo estabilidade à economia, resultou em que
o índice alcançasse a mínima de 137 pontos em maio/07. Atualmente o risco está
em torno de 200 pontos.
O que acha desse
confronto de fatos, não de “vamos conversar”?
(*) Professor de
Macroeconomia da Universidade Federal do Pará
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