domingo, 28 de abril de 2013

O QUE É CORRUPÇÃO? (2)

O QUE É CORRUPÇÃO? ( 2 )
                     Comecei o blog indagando o que seria a corrupção, devido às insistentes campanhas movidas pela mídia de sempre tentando nos fazer acreditar que o Brasil era ou é o ‘país mais corrupto do mundo’. Nossa mídia é sempre superlativa, concedendo-nos títulos máximos toda vez que se trata de algo negativo, alguma coisa ruim. Mantenho a pergunta feita então.
                    Hoje, como nos idos do fim da década de 50 do século passado, os meios de comunicação e os partidos de oposição encontram como estratégia principal de ataque tentar apontar o dedo para indícios ou sinais claros de desvios, estampando em grandes letras e em declarações condenatórias grandiloquentes quaisquer fumaças ou vestígios de irregularidade, mesmo que sejam só nevoeiro ou gelo seco. Com isso não tentam ajudar o governo ou melhorar o país, mas sim invalidar tudo aquilo que é feito quando algum aliado político seu não está no poder (momento no qual parece imperar a probidade, pois as denúncias cessam ou minguam de forma automática).
                   Juscelino, presidente que quase foi impedido de governar por uma direita muito semelhante à de hoje, apesar de haver vencido as eleições por boa margem, costumava dizer que gostava desse tipo de oposição, pois onde houvesse qualquer desvio ele seria avisado rapidamente. Não calculava, talvez, que essa atitude obstinada e insistente do bloco político-midiático iria criar uma visão na sociedade de que a classe política seria mesmo, quase toda ela, corrupta, o que terminou resultando em apoio tácito ou explícito ao golpe militar, quatro anos após o fim de seu mandato. Assim mesmo, passou à história como um dos presidentes mais populares – e, diga-se de passagem, apesar das inúmeras denúncias de corrupção e reclamações as mais diversas, Brasília foi construída a tempo e segue cumprindo o papel de desafogar algumas capitais ao sul e ajudar a irradiar, pelo menos em parte, desenvolvimento para outras regiões. Seu plano de metas desempenhou também papel importantíssimo para melhorar a infraestrutura do país e possibilitar maior desenvolvimento futuro.
                 De volta à pergunta inicial ... o que é corrupção? Desvios de diversos tipos ocorrem bastante e em todas as partes do mundo, envolvendo às vezes países e povos considerados mais evoluídos. Lembro-me de um turista sueco perguntando-me como poderia conseguir notas fiscais frias relacionadas a seu trabalho (era fotógrafo), para tentar obter do governo de seu país o pagamento de sua viagem.  Por sermos pouco cuidadosos, às vezes, com normas gerais e horários rígidos, isso não nos torna um povo automaticamente corrupto ou propenso a ser corrompido. Não atendi a seu pedido, é claro. Outro turista europeu, denunciando-me superlotação em um barco que havia resgatado passageiros de outro barco encalhado, tentou obter gratuidade em futuros passeios, mesmo após eu ter lhe explicado que esse tipo de resgate era excepcionalíssimo e que um fato não justificaria o outro.
                  Espero ter provado acima que corrupção não é uma doença latina, apenas, ou defeito de povos subdesenvolvidos. Mas quando falamos de corrupção institucional, ou institucionalizada, no entanto, temos que nos voltar à cultura do país, seu percurso histórico, eficácia e estrutura dos órgãos e poderes incumbidos de efetuar controles sociais, mas não só a isso: temos que examinar o sistema político, econômico e normativo vigentes, o modo como funcionam e se isso propicia ou não essa prática, bem como sistemas maiores de predeterminações, como o de inserção mundial.

                 Denunciar corrupção e desvios sem fazer qualquer análise mínima realista dessas condições acaba transformando algo importante em puro oportunismo político cínico. Se há corrupção, ela está ligada a uma história e estrutura de sociedade e de mundo, já que estamos inseridos em sistemas bem maiores. Já de cara dá para ver que não se pode imputar corrupção e desvios apenas ao governo ou muito menos a uma única agremiação política. Se há corrupção em grande escala, ela é generalizada e sua culpa também. Se não é em grande escala, a gritaria é desproporcional e mal intencionada, ainda mais quando se tem em conta que os mesmos que gritam ‘corrupção!’ são, também, em grande medida, altamente vulneráveis a tal prática. Então, que atire a primeira pedra ...
                                                                                                                                                                        
Flávio B. Prieto

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