segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

BRUMADINHO: QUANTO VALE A VIDA?

O governo eleito e recém-empossado, na pessoa de seu representante mais eloqüente, o presidente Jair Messias Bolsonaro, declarou algumas vezes que acabaria com a 'festa' dos órgãos de controle ambiental de sair 'multando a torto e a direito'. Um dos órgãos mencionados especificamente pelo atual presidente da república é o IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio-Ambiente, encarregado de fiscalizar o cumprimento das leis ambientais em todo o território nacional, com ajuda de órgãos locais, e cuja diretoria foi imediatamente trocada logo após o novo governo tomar posse. Hoje, o Ministro do Meio Ambiente, pasta que foi agregada à da Agricultura - unindo em um mesmo órgão interesses antagônicos de ruralistas e defensores ambientais - é Ricardo Salles, condenado por improbidade administrativa por atos praticados entre 2016 e 2017 em São Paulo no período em que foi Secretário de Meio-Ambiente do governo Alckmin (PSDB). Ele é um conhecido defensor do agronegócio e de empresas, em detrimento do meio-ambiente do qual deveria cuidar. Não me surpreendo, portanto, que desastres ocorram e que as declarações dos porta-vozes do governo sejam no sentido de isentar liminarmente as empresa responsáveis. É de se esperar que mais desastres - ou crimes ambientais - ocorram, e que seus causadores, sob o beneplácito das autoridades do Executivo e Judiciário, consigam escapar pagando com morosidade indenizações que não correspondem a 1% de seu faturamento - apesar de seus presidentes e gestores se dizerem 'consternados' pelas mortes e destruição causadas. Mariana, Brumadinho, onde mais? Quantos mortos mais serão necessários para que se reconheça que a vida humana e de outros seres deve valer mais que o lucro da Vale? Afinal, quanto vale a vida? 




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